Jornal do Psicólogo

Tuesday, September 27, 2005

V COREP cumpre meta de trabalho

Com um volume de 351 teses que discutiram temas como Políticas Públicas, Inclusão Social e Direitos Humanos e Exercício Profissional, congresso mostra o amadurecimento da categoria

Júnia Leticia


De 14 a 16 de maio, foi realizado o V Congresso Regional de Psicologia (COREP) da 4ª Região. O encontro, que aconteceu em Jaboticatubas (MG), contou com a participação de aproximadamente 150 pessoas, entre profissionais e estudantes de Psicologia. O V COREP teve como objetivo aprovar as teses que serão discutidas no V Congresso Nacional de Psicologia (CNP), de 17 a 20 de junho, em Brasília.

A junção do exercício profissional às respostas que a Psicologia tem a dar como profissão às necessidades e às urgências brasileiras foi um dos pontos destacados pelo Coordenador Geral do V COREP, conselheiro Jairo Guerra, para ressaltar a importância do encontro: “É necessário demarcarmos o compromisso profissional de nossa categoria com a mudança da sociedade. O Conselho Federal de Psicologia tem, nos últimos anos, tentado articular a ação profissional, com o compromisso social, compromisso com a sociedade brasileira e é por isso que nós estamos aqui.”

A democratização dos debates que envolvem a Psicologia foi ressaltada pela Presidente do CRP-04, Marta Elizabeth de Souza. Segundo ela, nenhuma outra profissão tem um processo eleitoral em que se escolhe antes o que quer que se faça para depois decidir quem vai fazer. “Nosso conselho, dentro das suas limitações e possibilidades, rompeu com a tradição de conselhos profissionais. Já extrapolamos e muito esse papel da legalidade pura e simples de orientar, fiscalizar a profissão e ser apenas um tribunal de ética. Temos que avançar e precisamos fortalecer as entidades da Psicologia, não para ganharmos espaço na sociedade de uma maneira corporativa, sectária, mas de forma solidária, parceira das outras profissões”, ressaltou a Presidente do CRP-04.

Além dessa peculiaridade dos CRPs, o amadurecimento da categoria, ao longo da realização dos COREPs, foi comemorado pelo Conselheiro Federal Francisco Viana. “Quando iniciamos essa brincadeira, lá por volta de 1989, achávamos que alguma coisa estava errada nessa estrutura, mas não tínhamos ainda uma certeza absoluta de qual era o caminho. Só sabíamos que a melhor forma era sentando para conversar. Não dava para continuar aquelas plenárias cheias de certezas absolutas, resolvendo os problemas da categoria. Então iniciamos essa brincadeira de congresso a cada três anos. Uma brincadeira gostosa, que dá um trabalho de cão, mas que tem a beleza e a gostosura de ampliar a participação, de trazer cada vez mais colegas contribuindo para pensar do que essa profissão precisa. Percebemos que vamos amadurecendo nas nossas discussões. Nossas propostas vão apontando a necessidade das políticas públicas no Brasil e, mais do que isso, um desejo do psicólogo de participar desse trabalho.”

A condução do processo democrático no V COREP foi outro aspecto salientado pelo Diretor de Políticas Públicas e Sindicais do Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais (PSIND-MG), Roges Carvalho dos Santos. “Desde o primeiro momento, o PSIND-MG elogiou o processo democrático com que o CRP desvinculou todos os trabalhos e termos que se concretizam nesse encontro. O Conselho Regional de Psicologia, durante todo esse tempo, tem procurado fazer e fez melhor do que qualquer outra gestão.”

Para a psicóloga e psiquiatra Miriam Abou-yd, participar do congresso reafirmou o compromisso da atual direção do conselho em direção à democracia. “Chama a atenção essa relação super democrática na discussão das teses, na sustentação das propostas. Além disso, percebi que as principais teses estavam voltadas realmente para os princípios, na defesa daquilo que o conselho há três anos vem sustentando.”

Interação entre os participantes – A inter-relação com profissionais que atuam nos mais diversos segmentos da Psicologia, bem como com estudantes, contribuiu para o crescimento dos participantes do V COREP, de acordo com Roges Carvalho. “Sempre entendi que a participação em todos os congressos, principalmente no COREP, é de grande importância, porque traz para nós, que somos profissionais, essa interlocução com a universidade, local onde se produz o conhecimento. É gratificante para esse encontro ter muitos estudantes porque demonstra o interesse do universitário em discutir os problemas da sua profissão, levando para a universidade idéias novas que podem possibilitar inclusive mudanças no próprio currículo escolar. Isso demonstra que os psicólogos têm interesse naquilo que sabem, que estão aprendendo e naquilo que vão fazer.”

Para Álvaro Miguel Silva Rodrigues, estudante do Centro Universitário do Triângulo (UNIT), a possibilidade de voz durante os grupos de trabalho é uma conquista muito grande da classe estudantil. “As discussões foram muito importantes para um novo pensar sobre o cenário no campo da Psicologia atual e futura para nós que vamos entrar no mercado de trabalho. Pudemos ver que há uma mobilização na Psicologia no sentido de reformulações e mudanças para que a profissão não fique defasada em comparação com as outras áreas das ciências da saúde”, destacou.

A possibilidade de contato com outras realidades foi um dos aspectos observado por Andréa Nascimento, membro da comissão gestora do Espírito Santo. “Eventos como este são importantes porque mostram para nós outras realidades. Isso possibilita a troca de experiências e traz conhecimento.” Andréa Nascimento disse, ainda, que o COREP é um momento em que os psicólogos podem ter noção do que é uma política de conselho. “Isso é muito bom pois são formados multiplicadores. Um vai mostrando para o outro que a categoria unida fará diferença na próxima gestão.”

Sociólogo discutiu urgências e necessidades brasileiras

Durante o V COREP foi proferida a conferência Urgências brasileiras e respostas às necessidades sociais pelo sociólogo César Benjamin. Ele abordou, fazendo um apanhado histórico, a constituição do país que remontou o Brasil colônia. A multiplicidade brasileira decorrente da miscigenação foi um dos pontos destacados pelo sociólogo: “Nós éramos um povo filho da modernidade, cuja identidade não era dada pela religião, pela raça, pela condição imperial... Essa cultura era uma cultura de síntese. Nós éramos antropófagos culturais.”

Em sua exposição, César Benjamin se deteve, ainda, no século XX, época em que o país realizou um movimento de crescente estruturação do seu mercado de trabalho, passando pelo “vírus da industrialização”. “Praticamente dobraram os seus contingentes de trabalhadores por cada década e o Estado brasileiro estava se constituindo na sua face mais moderna”, contou o sociólogo. Entretanto, lembrou que, nos últimos 20 anos o Brasil transitou da condição de uma economia de rápido crescimento para uma economia de baixo crescimento. “As conseqüências disso são dramáticas, porque sempre fomos uma sociedade desigual, produtora de pobreza, concentradora de renda e o que segurou o mínimo de estabilidade da sociedade foi exatamente esse crescimento”, ressaltou César Benjamin.

A diversão também teve lugar no V COREP

Momentos de descontração foram reservados para os participantes do V COREP. No primeiro dia de conferência, psicólogos e estudantes puderam apreciar um jantar com comidas típicas da Itália. Ao fim da Noite Italiana, um espaço foi reservado para que os congressistas pudessem divertir-se ao som do forró.

Na segunda noite do encontro, a diversão ficou por conta do churrasco. Os congressistas, reunidos em volta das piscinas do Hotel Fazenda Canto da Siriema, tiveram um momento de descanso após os trabalhos que envolveram o V COREP.

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